domingo, 5 de março de 2023

Tornar(-se) candente.

Como as estrelas 

que ao lado da Lua

Encadecem o céu Sereno.

Meu coração encandece o carvão

colocando-o em brasa.

Queima um fogo.

No fundo as lavas do vulcão 

mantem sua atividade 

em ritmo normal.

Como se todo dia

Fosse um fervoroso carnaval. 



Junto à Lua.

Em minha última visita a lua
essa enorme bola cinzenta
Que rouba o brilho do sol
Para encandecer a noite.
Deixei lá um bilhete dobrado 
Contando todos os meus pecados
Que pequei por tua conta
Inesperado não arcar com o preço
O sofrimento pós calor intenso 
De dois corpos que queimam em brasa
No silêncio da sala da casa branca
Na varanda, a Lua como testemunha
Cobrou-me com juros e correção
Das vezes que terrivelmente troquei a mim
Pelos pecados de seus desejos e suas vontades.
Jamais volto a me negar o âmago da vida, a essência em sí.
Antes vivo no mundo da lua
Do que presa aos teus pés. 

Rio ao Mar.

 Assim como o rio que corre para o mar

O meu rio

Só te molhará apenas 

uma única vez.


Ao passar pela tua ponte

Ou ainda banhar teus pés

em minhas águas geladas

tu só beberá uma vez.


O rio nunca é o mesmo

A mesma água não te beija duas vezes

Em uma única vez basta 

O acesso a delicadeza do frescor. 


A água que te refresca

já passou.

Ao encontro do mar se foi.


Espera.


Eu me reviro em minha cama
E em meio aos lençóis amassados 
Adormeço junto aos meus sentimentos 
Frios e inóspitos. 
O Rio que aqui molhava secou.
Mas ainda sou o rio.
Ainda que água não jorre mais.
Ainda que a espera da volta da nascente
Para correr o trecho das pedras
e morrer no mar. 

Breve pausa.

Deito em minha cama 
Para descansar meus pensamentos. 
Viro de um lado para o outro 
E um peso paira em meu peito.
Adormeço sem saber ao certo
Se durmo ou se só desligo 
Em meus sentimentos reprimidos 
Me engano e acho que acalmo.
Finjo dormir, quando na verdade 
Faço uma pequena pausa.
Adormeço virando de um lado para o outro 
Descanso em meus sentimentos agora desligados
Mas as cinco da manhã despertão da pausa forçada. 



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Sou o Porto do Rio.


No meu porto aportam as águas 

Cristalinas de todo lugar

Mansas elas chegam e deságuam

Cumprem seu caminho desaguando em outras águas até ao meu Porto derramar.


São águas em movimento 

E em sempre movimento 

Repõem as águas ao Porto.


E as águas chegam e vão 

Sem marujo ao Porto

Sem marujos dos marujos. 



sábado, 14 de janeiro de 2023

Fruta partida.

De um estômago seco e frio

Tu fizestes nascer borboletas 

Não, não apenas uma, mas inúmeras borboletas

Amarelas, rosas, azuis…de todas as cores.

Um reboliço fizestes em meu coração que agora me arde o peito.

Na cabeça um furacão, um turbilhão de pensamentos que vão a todo momento ao teu encontro. 

Parece fácil, mas te conto no final do caminho para as borboletas em meu estômago.

Colha também as flores que se abrem nos meus pés e contemple o céu que se mantém azul todo santo dia. 

Não abra o guarda-chuva, pois do pouco que chove, é doce, são lágrimas doces de alegrias.

De um novo tempo de melancolia. E da sorte do sabor da fruta partida para dois.