segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Deleito-me

Do bálsamo que escorre do teu peito

onde calmamente me deleito

e aproveito cada instante

de tempo que passa lento

observando os corpos 

sedentos pelo desejo

transbordando na fonte do cálice 

e do pólen da flor, pó e mel.



sábado, 17 de dezembro de 2022

Amor à disposição.

No início eu não percebo 

Quando noto, não ligo muito

Quando vejo, me interesso

Quando dou por mim, há paixão 

Avassaladora, delirante e muito honesta.

Mas depois se dissolve como sal na água 

perde-se o gosto e falta tempero 

crio e alimento as distâncias

E a paixão, agora fria espera o enterro. 

Você não percebeu 

Que do fogo agora só há fumaça 

E nem brasa sobrou.


Em todo canto.

Se eu fosse 

passarinho 

faria o ninho 

Em um ipê florido.

Amarelo, branco ou roxo 

Pouco importa a cor.

À vista do mundo 

Então colorido

Em tons mais vivos.

pela beleza exposta em todo canto 

Vale a pena viver.

No bar de rock.

Da MPB no rádio do carro
Ao rock pesado do bar
Os olhos castanhos calmos
A camisa preta fosca, cheira bem.

Um ritmo tranquilo.
A fala mansa 
e eu diria até planejada.
Sereno e ardil, dois extremos.
Em um único ser.

Talvez ainda haja tempo
De matar minha curiosidade 
Em saber mais de ti.

Das manias
Dos segredos
E dos planos que faz em um fim de domingo.

Do que te aflige
Do que esconde no fundo da alma
Gosto de conhecer o intimo das pessoas.

Isso muito me interessa.
Sem pressa. Apenas no curso normal do tempo.
Igual ao rio que corre, sabendo onde vai desaguar. 
Ao mar do mar do mar. 



quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Febril

Você me ignora como se não precisasse

como se a vida em si bastasse

aos seus olhos dissimulados

e febris.



quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Até segunda.


Há afeto livre e ardente

de soprar as asas 

e bailar os corpos

tem o gosto doce de vinho

o jeito, os traços e o tato.

As memórias estão guardadas

em caixinha de botões coloridos

pelos pequenos instantes dessa breve vida

em noutras segundas, te vejo.



Pedaço nublado

 

 

Um pedaço do céu nublado

As nuvens correndo cinzas

A chuva caindo em pranto

Numa noite escura, se ria

Numa mesa de madeira velha

Coberta por uma cortina roxa

Duas taças de vinho seco

E as histórias em raio de sol

Continua o céu trancado

Que deixa cair a chuva

E o cinza da vida lá fora

Aqui dentro te largo no chão marrom do quarto

Acompanho a respiração

Te faço chover

Te faço lama

 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Para você que mora longe.

Quebrei a promessa
de não mais lhe ver
e mal me lembro quando quebrei
só sei que durou pouco
a tal promessa

No inicio, todo errado
o nosso fim era absoluto,
mas na metade do caminho 
tem o abraço apertado 
após matarmos a saudade 
de alguns poucos dias distantes

Agora, há tentativas
em se entender e compreender 
a individualidade de cada.
O afeto, o respeito e a companhia.

Hoje, o final é incerto
mas a vista que o caminho mostra
é fascinante.
Se no fim haver desapego, não faz mal
houve felicidade no meio do caminho.

Cada pequeno e breve instante do seu lado é feliz. 








domingo, 4 de dezembro de 2022

10 de maio de 1990.

Me moldei a um personagem que não gosto do papel.

Andei me exibindo como se fosse assim, perfeita.

Convenhamos, uma crueldade comigo mesma.

Qual a lógica? Que maldito é o amor.

Logo eu tão cheia de defeitos, incertezas e medo.

Mas tão cheia de felicidade, de vontades e de vida.

Sempre encaro tudo com medo, mas encaro.

Que confuso ser eu, mas também que raro ser eu.

Me cansa. Me dói. Me mata.

Uma hora encontram um corpo na sala.

Uma taça de vinho e a garrafa vazia.

De quem se deixou matar pela opinião alheia.

Você é você e essa é a sua dádiva.

Eu sou eu e esse é o meu pecado. 

Fardo que vou carregar até o caixão.

E o preço é o esquecimento.

Cegueira.

Com poesia 

eu tento incansavelmente 

me mostrar para quem 

escolheu não enxergar. 



Do sim ao fim.

Com as pequenas estrofes e rimas de poesia

Ei de te ensinar amar.

Devagarinho, para não assustar.

Começaremos por você. Tem que se amar primeiro.

Só assim, terás capacidade de amar aos outros.

E a mim.

Se a poesia me servir.

Se a vida me sorrir

Contigo assim, dois pra lá, dois pra cá.

Juntos e sós.

Do nascer ao morrer do sol.

Sucessivamente.

Sem remorsos pelo tempo vivido.

Sem queixas.

Só a beleza do teu ser.

De mim,

De nós.



Depois te conto.

Na quarta poesia eu te conto 

O que eu guardo em um canto

E no fim da última rima.

Poesia rabiscada e reescrita

Em mil linhas

Para te contar que a vida é breve

Mas a gente livre

Para caminhar por onde quiser

Para consumir o tempo.

E que a felicidade corre nas nossas veias desde a concepção. 

O caminho há e deve ser feliz.

Por pura teimosia e vontade.

E que apesar das adversidades.

Essa é nossa beleza. 

Essa é nossa lei.